O prelado disse ainda que no Oriente Médio a situação “é muito difícil. As condições de guerra fazem com que os cristãos fujam, e notamos com muita preocupação que o Meio Oriente vai se esvaziando de cristãos. Isso não é um progresso nem mesmo para a cultura local, o cristianismo é uma força de paz e esperança”, afirmou.
O também Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL) se expressou contra as guerras porque não ajudam às relações geopolíticas e a relação entre o ocidente e o mundo islâmico.
“Qualquer guerra faz com que o mundo islâmico satanize o ocidente como se fosse seu inimigo. As ações de terrorismo levam a identificar uma religião com o terrorismo, a uma simplificação que deve ser evitada. A religião muçulmana não é terrorista, é uma crença que implica uma relação positiva com Deus. Evidentemente há fanáticos que se aproveitam da religião e fazem terrorismo em seu nome, isso não é religioso, ao contrário é blasfema”, assinalou.
Nesse sentido, o Cardeal Ouellet se mostrou cético de que a morte da Osama Bin Laden ajude na luta contra o terrorismo islâmico, porque o Al Qaeda é uma organização “que deve ter outros chefes”.
“Há lutas para controlar riquezas mundiais, deve-se procurar equilíbrios e justiça. Os chefes de Estado devem estar mais atentos à miséria. Temos o desenvolvimento das tensões dentro do mundo islâmico, isso é grave e não é vantagem para nós. Se explodir uma crise no mundo islâmico é pior para o planeta”, advertiu.
O Cardeal afirmou ainda que não há contradição entre a fé cristã e a ciência, e que todo descobrimento científico é bem-vindo. “Isso não faz retroceder a fé”, indicou. “No campo da teologia se pode desenvolver conhecimento mas se ao mesmo tempo não cultiva uma relação pessoal com Deus através da oração, os conhecimentos podem não fazer progredir o indivíduo”, explicou.
Finalmente, destacou os aspectos positivos da globalização e afirmou que “a Igreja globaliza desde o começo”, pois “Jesus Cristo é o maior globalizador, é quem dá à humanidade sua unidade”.